DG: Você escreve mais romances policiais, o que te levou a este caminho na escrita?
Meu contato com a literatura foi desde sempre. Meus pais gostavam de ler, tinham uma estante cheia de livros, foi fácil começar a manipulá-los. Lembro-me de, na infância, ter lido Reinações de Narizinho do Monteiro Lobato e tantos outros. Mas tomei gosto pela leitura quando comecei a ler Sherlock Holmes e Agatha Christie. Apaixonei-me pela fórmula mágica que acompanha a pergunta “quem matou?” e a habilidade dos escritores para levar o leitor até o final, aflito pela resposta. Depois de muita leitura e muitos outros autores, me aventurei a criar meu detetive.
Escrevo diferentes gêneros, mas gosto dos romances policiais por terem uma forma e uma estrutura bem definida: começo, meio e fim; ou crime, investigação e solução. O que é um desafio interessante de enfrentar. Quando o leitor abre um romance policial ele tem certas expectativas. Quando se depara com o assassinato (ou contravenção), o leitor espera que o escritor aja como um ilusionista e vá levando a história, mostrando algumas pistas e fazendo-o acreditar que vai descobrir antes do detetive quem matou! É este jogo que o escritor tem de criar com o leitor, dando certas dicas e ainda no final ter de surpreendê-lo. É um jogo bem desafiador. Gosto disto.
DG: Como foi seu caminho como escritora até o momento?
Comecei escrevendo contos. Já no milênio passado, anos 80, 90, comecei escrevendo contos. Participei de muitos concursos e ganhei vários prêmios.
Aos poucos fui me aventurando por textos maiores e cheguei ao romance policial. Em 2003 foi publicado pela editora Landscape a primeira investigação do detetive Alyrio Cobra: Paisagens Noturnas. Já naquele tempo, começavam os sites de publicação na internet. Depois começaram as plataformas mais profissionais. Acredito ter sido uma das pioneiras em publicação na internet. Antes de ser publicado pela Landscape, Paisagens Noturnas esteve num site de publicações da época. Passei por algumas editoras, mas acho a auto publicação uma fantástica conquista para os escritores. Venho publicando as investigações do detetive Alyrio Cobra na plataforma KDP da Amazon. Acabo de publicar a 7º. Investigação: IMAGEM RESTAURADA.
DG: De onde vem sua inspiração para o detetive Alyrio Cobra? Você se inspirou em alguma vida real?
Acredito que mesmo inconscientemente um escritor suga tudo que está ao seu redor e tira ideias da vida real. No entanto, a criação do detetive Alyrio Cobra teve muita influência de outros escritores do mesmo gênero. Além de Sherlock Holmes e Maigret do Simenon, influenciaram a criação de Alyrio, o escritor Andrea Camilleri com o comissário Salvo Montalbano, e Manuel Vasquez Montalbán com Pepe Carvalho, os dois detetives com suas refeições fantásticas. Nos livros de Alyrio também tem sempre refeições especiais preparadas por George, seu melhor amigo e vizinho de escritório.
DG: Seu dia-a-dia influencia na sua escrita? Há alguma coisa de você nos personagens?
Como já disse, como escritora, acredito estar sempre sugando tudo o que está ao meu redor e tirando daí inspiração. Já cheguei a afirmar que ao invés de frequentar um psiquiatra, eu escrevo. A escrita, além de organizar as ideias, traz muito do escritor. O inconsciente vai aflorando em cada personagem.
DG: Quais seus gêneros de literatura preferidos, como leitora?
Sou bem eclética, gosto de todos os gêneros quando são bem escritos. Adoro o gênero policial. Mas, quando comecei a escrever, anos 80, 90, um dos gêneros que me influêncio , foi o Realismo Mágico da América Latina. Oh tempo bom! Li e reli Cem Anos de Solidão nem sei quantas vezes. O Amor Nos Tempos de Cólera é a melhor história de amor que já li. Fiz um trabalho de final de curso sobre Conversa na Catedral de Mario Varagas Llosa.
Li muito Clarisse Lispector. Há dois anos, por influência da FLIP, reli Ilda Hilst. Bom demais! Gosto muito da Lígia Fagundes Telles. Enfim… Acredito que é bom reler obras importantes, pois amadurecemos e temos novas percepções.
DG: E seus escritores preferidos?
Acho que já respondi na pergunta anterior, mas vou acrescentar os autores de literatura policial que leio e releio: gosto muito do Dennis Lehane, do Jo Nesbo com Harry Hole,Andrea Camilleri com o comissário Salvo Montalbano, e Manuel Vasquez Montalbán com Pepe Carvalho.
Debby: Você já leu algum livro que foi incrível o tempo inteiro e no final te decepcionou?
Livros policiais com final abert, ou seja, sem chegar ao final da investigação, mostrando quem é o culpado, em geral me decepcionam.
DG: Você já foi indicado para algum prêmio. Qual a sensação de ver seu trabalho reconhecido por proficionais qualificados?
Uauh! Bom demais!
DG: Qual o melhor convite que você recebeu para escrever? Ou de uma editora, ou de uma antologia?
Tenho participado de algumas antologias. Gosto deste desafio de ter um tema para escrever e ter de fazer uma história muito boa. A última antologia da qual participei O Melhor do Crime Nacional, foi muito especial. Dar o melhor de mim para fazer parte do Melhor do crime Nacional.
DG: Qual o livro que você mais gostou de escrever e por quê?
Acabo de publicar na plataforma KDP da Amazon o livro Imagem Restaurada. Adorei escrever este livro. O que estou escrevendo ou acabei de escrever é sempre o melhor! Porque vou aprendendo com cada um e tentando melhorar especialmente as técnicas da escrita. Na Flip de 2017 fui uma das finalistas do concurso da Amazon: Vendendo sua Ideia na Flip. Eu já tinha a ideia do livro Imagem Restaurada e participei, apresentando a sinopse em três minutos. De lá para cá montei a história, trabalhei muito mesmo. Fui fazendo e refazendo e gostando cada vez mais. Acho que ser escritor é isto: ter a ideia e fazer e refazer até ficar “no ponto”!
DG: Obrigada Vera!
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1 Comentário
Ver, admiro muito o seu trabalho e amo história policial.Bela entrevista