ENTREVISTA COM MARCELO TRIGUEIROS – Um dos selecionados para a segunda edição da coletânea PodLetras.


Fale um pouco sobre você, deixe o leitor conhecer quem é a pessoa.

Sou paulistano e tenho 45 anos de idade. Leio diversos gêneros, principalmente ficção científica e outros tipos de narrativas fantásticas e insólitas. Também curto histórias em quadrinhos, de super-heróis a hq´s europeias mais “cabeça”. Comecei a escrever pra valer durante a pandemia, há três ou quatro anos. Desde então tenho produzido contos, principalmente de horror, ficção científica e fantasia. Além de escritor diletante sou advogado, curto muita música e sou pai de adolescente.    

O que te levou a ser escritor? Quais as expectativas quando começou a escrever?

Sempre li muito e desde pequeno crio minhas próprias histórias, mas não colocava no papel. Via o ato de escrever como algo quase sagrado, sobrenatural. Durante a pandemia, trancado, com tempo e até como uma forma de aliviar as angústias, finalmente resolvi me arriscar. Desde então não parei mais.

Inicialmente a escrita era só para consumo próprio, quase como um diário fantástico. Não muito depois comecei a mandar contos para antologias e fui selecionado para algumas. Além disso já publiquei um conto mais extenso, quase uma noveleta, pelo KDP, da Amazon.

Como escritor iniciante, o que pretendia e o que ainda busco é ser cada vez mais lido, encontrar mais leitores e saber que de alguma maneira toquei a vida de alguém, nem que seja pelos cinco a dez minutos de leitura de um conto.

Se você for um autor com outros trabalhos publicados me conte um pouco da sua experiência, de como é a divulgação dos seus livros e contos. Você acha fácil a parte do marketing? Como estão suas expectativas hoje, referente ao mercado literário?

Apesar do pouco tempo “no mercado”, a essa altura já considero que o mais difícil talvez não seja escrever, mas chegar aos leitores. Primeiro porque o público leitor no Brasil ainda tem muito a crescer. Em segundo lugar e quase paradoxalmente, há um número gigantesco de escritores nacionais e estrangeiros já estabelecidos, com quem devemos disputar a atenção do público.

Algumas das antologias de que participei foram financiadas pelo Catarse, então nesses casos fazemos um esforço conjunto divulgando no boca-a-boca para família, amigos e conhecidos e por meio de redes sociais. Tenho um conto publicado pelo KDP e segui esse mesmo caminho da divulgação para pessoas próximas e pelas redes sociais. No entanto, o alcance disso ainda é muito restrito. 

Enfim, a divulgação é difícil. Comemoro cada apoio e cada compra como gol em final de Copa do Mundo. Espero adotar estratégias mais eficientes conforme avançar na escrita e assim conquistar meu público.

Cursos de técnicas de escrita, já fez algum? Qual sua experiência?

Já fiz alguns cursos, tanto os teóricos como mais práticos. Especialmente estes últimos me agradaram, oferecendo ferramentas que tem me auxiliado a escrever com maior fluência, rapidez e qualidade.

Como é para você participar de feiras e eventos literários? Se não participou, me conta como faz para vender seus livros?

Como disse em respostas anteriores, até este momento meu único trabalho “solo” foi publicado pelo KDP. Já participei com outros co-autores de uma Bienal e eventos de lançamento de antologias. Todas foram excelentes experiências, mas sinto que valeram muito mais pela integração com os colegas do que para chegar a novos leitores. 

Se você mora fora da conexão Rio/ São Paulo, me conta como é participar de eventos literários.

Moro em São Paulo. 

Físico ou e-book? Me conta sua experiência como leitor e escritor.

O contato físico e experiência de ter o livro nas mãos me agradam muito mais do que a leitura de e-book. Gosto de “barbarizar” um pouco o livro: dobrar as orelhas das páginas mais marcantes, grifar, fazer anotações. São mensagens para quando eu retornar ao livro algum tempo depois. Isso também pode ser feito no ebook, mas não sinto o mesmo prazer, rsrs.

Apesar dessa preferência, tenho lido cada vez mais em e-book, até como forma de economizar dinheiro e espaço. Tenho livros físicos e quadrinhos até nos guarda-roupas.

Me fale do seu conto na coletânea Podletras. (sem spoiler) e como foi participar da seleção?

Meu conto se chama “Natureza morta”. É a historia de uma adolescente que perde o pai de forma abrupta e chocante em um acidente. Enquanto tem que lidar com o luto e com sua recuperação, ela entra em uma espiral de horrores físicos e psicológicos, em algum lugar entre o real e o sobrenatural.

Eu já acompanhava o Podletras e tinha lido a primeira coletânea e o “Canção das adagas”, de Daniel de Freitas, vencedor da seleção do ano passado. São trabalhos excelentes, que admiro muito. Então, logo que soube do edital da segunda coletânea me dediquei bastante a este conto, que nasceu de um pesadelo que tive quase um ano antes.

Foi uma grande honra ter sido selecionado e participar da segunda coletânea do Podletras!

Para encerrar um bate bola

Autor preferido: Philip K. Dick

Livro de cabeceira: Ficções, de Jorge Luís Borges

Tomaria um chá com: prefiro café

Deveria existir: a imortalidade

Não deveria ter partido: Roberto Bolaño, escritor chileno que admiro muito e que foi embora muito cedo

O apocalipse vai acontecer: Cinco coisas que você não deixaria para trás: 1- Ficções, do Jorge Luis Borges; 2- Incal, quadrinho de Alejandro Jodorowsky e Moebius; 3- O celular, só para ouvir música até o último risquinho de bateria; 4- os óculos, pra ler e ver o fim do mundo; 5- meu travesseiro da Nasa

Fundamental para você como escritor, que vc não pode ficar sem.: música

Como escritor eu indico: O livro ‘Zen e a arte da escrita”, de Ray Bradburry. Basicamente ele prega que a gente meta a mão na massa, escreva o mais rápido que puder e deixe a racionalização e mesmo a preocupação com o enredo para depois. Tenho feito isso e o resultado para mim foi excelente.

Considerações finais. Fale de seus projetos e sonhos futuros.

Atualmente estou trabalhando em meu primeiro romance e é um desafio considerável. O ritmo, desenvolvimento de personagens e de mundo, coerência e subtramas, enfim, é bastante coisa nova para lidar. A extensão da obra é a diferença menos significativa em relação a produção de um conto. Neste momento meu sonho é concluir este trabalho, chegar a um bom resultado e finalmente vê-lo publicado e lido. Depois passo para o próximo sonho, ou seja, próximo livro.  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *